Antes de apresentá-lo formalmente, como tenho feito na coluna “personalidades’, eu preciso dizer que se tenho um padrinho no Cordel esse cara é o Barretão. Eu o conheci através do seu famigerado “A professora que trocou a sala de aula pela baixaria do pagodão”, texto de 2008 que ainda uso em sala de aula e é sucesso de crítica.
Quando me dei por cordelista, em 2012 ao escrever uma aula em cordel sobre o Barroco, a primeira crítica que busquei foi justamente a de Antônio Barreto. Gentil como sempre foi, o poeta não só encheu o meu texto de elogios, como também abriu espaço para se iniciar, a partir daí, uma boa amizade. Desde então essa parceria tem dado bons resultados, e em 2014 escrevemos juntos um bate-papo virtual, num formato parecido com a tradicional Peleja:
Bate Papo virtual de Antônio Barreto e Elton Magalhães
ELTON MAGALHÃES
Meu grande amigo Barreto
–Criatura benfazeja,
Referência em cordel
Que sobre tudo verseja –
Aqui te faço um convite:
Aceitas uma peleja?
ANTÔNIO BARRETO
Não aceito uma peleja
Eu prefiro outro destino.
É melhor um Bate-Papo
Virtual, bem genuíno;
Na peleja, só enfrento
Lampião – o Virgulino !
EM– No cordel sou bem menino
Muito tenho que aprender.
O meu verso, ainda frouxo,
Tô buscando enrijecer.
Por isso é que nosso tema
Você é quem vai dizer.
AB – Comigo não tem dizer,
Sugerir ou opinar;
O meu verbo preferido
Saiba que é dialogar.
Seja qual for o assunto
Contigo vou versejar.
EM – Trate então de adiantar,
Parece que ta com medo!
Que bicho comeu tua língua?
Que troço travou teu dedo?
Trate do tema traçar
Que essa honra eu te concedo.
AB – Você apontou o dedo
Empinou a sua língua
Esqueceu que o apressado
Sempre vai morrer à míngua.
Língua, trava, trava, trova:
Vou furar a tua íngua!
EM – deixe quieta a minha íngua
E não banque o valentão
Só porque tu traz peixeira
Vinda lá do teu sertão.
Vou usar é minha rima
Pra furar teu coração.
AB – Eu trago do meu sertão
A coragem do meu lado;
Um mosquito que nem tu
Precisa ter mais cuidado.
Então me responda agora
O que é um predicado?
(…)
No fim das contas, essa postagem serve, além de tudo, para agradecer imensamente a essa figura insigne tão importante para a cultura popular brasileira. Vida longa a Antônio Barreto! _________________________________________________________________________ Antonio Carlos de Oliveira Barreto nasceu na fazenda Boa Vista, Santa Bárbara-BA e reside em Salvador desde 1975. Ainda criança, ali no sertão baiano, teve o privilégio de conviver com as mais variadas formas de manifestações populares. Professor, poeta e cordelista com vários trabalhos publicados em jornais, revistas e antologias. Publicou dois livros de poesia: “Uns versus Outros e Flores de Umburana”, fez a adaptação do conto de Machado de Assis “A Cartomante” para o cordel, pela editora Nova Alexandria, além da publicação de quatro cordéis ilustrados: “O cravo brigou com a Rosa”, “Atirei o pau no gato”, “Pai Francisco entrou na roda” e “ Se essa rua fosse minha…” Já publicou (até janeiro de 2015) 160 folhetos de cordel, com destaque para o cordel intitulado “Big Brother Brasil: um programa imbecil”, de grande repercussão no Brasil inteiro. Os temas abordados no cordel de Antonio Barreto são: crítica social, educação, futebol, humor, biografias e cultura popular. Faz palestras, recitais e oficinas nas escolas, universidades e outras instituições, além de participar de colóquios, seminários, congressos e festivais de poesia e cultura pelo mundo afora . Ver mais obre o autor em: http://www.barretocordel.blogspot.com Contatos: (71) 3329-3237 – (71) 9196-4588 abarretocordel@hotmail.com
Elton Magalhães 